terça-feira, 12 de junho de 2012

A origem do xote

O xote veio para o Brasil por meio de José Maria Toussaint em torno de 1851 tendo uma forte ligação com a polca escosesa já que a própria palavra derivada do alemão moderno significa "escocesa", se tornando popular nas coortes da epóca, já que sempre foi visto como aceitavél o que é trazido do estrangeiro principalmente da Europa, todavia a influência de elementos locais como a crescente participação negra e das camadas baixas como um todo terminaram por "desvirtuar" o cunho inicialmente aristocrático que a dança possuía, passando a ser um ritmo popular no Nordeste com o xote nordestino, que na epóca ainda possuia uma forte preponderância político dentro do império brasileiro, no extremo sul com o xote gaúcho. As diferenças são tantas que alguns chegam a apontar a necessidade de relevar ambos como estilos distintos, em uma análise mais básica o xote pode ser visto como uma subvariação do forró.
Por: José Benardi.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

O valor do Nordeste e de Gonzaga


A Região Nordeste é cercada de muitos contrastes, não obstante vista como uma das regiões economicamente mais pobres do Brasil é, porém, riquíssima em termos de arte e cultura.
Com influência de colonizadores portugueses, africanos e dos conflituosos espanhóis e holandeses, assim como dos inúmeros povos indígenas que aqui se estabeleceram tornou-se uma cultura com características que se figuraram como típicas da região, de tamanha pluralidade que chega a variar em significativas proporções de estado para estado, entretanto mantendo traços em comum, verdadeiros elementos coesivos que perpetuam a unidade da cultura da região como um todo, a exemplo da paixão pelas festas juninas.
Como sabemos grandes nomes como João Cabral de Melo Neto, José de Alencar, Castro Alves, Caetano Veloso, Gilberto Gil e o nosso Luiz Gonzaga têm dado grande contribuição para o meio cultural brasileiro.
O Rei do baião, Luiz Gonzaga foi um grande músico e compositor extremamente popular entre grande parte dos brasileiros, mesmo os que não apreciam seu estilo reconhecem seu indubitável valor, um reconhecido pernambucano e exuense. Homenageá-lo não é uma simples obrigação, mas um desejo espontâneo diante do incansável resgate que este deu à cultura nordestina, diante de seu gigantesco valor para a nossa região, além do recente enfoque dado a ele e outros grandes nomes do Nordeste no ENEM. Por:Juliana.


A perspectiva de Gonzaga quanto ao Nordeste


O afamado Luiz Gonzaga conviveu, quando infante, com a realidade seca e dura do sertão nordestino, essa terra que já havia conhecido nomes de grande prestígio como o eterno José de Alencar e o magnífico Castro Alves, mais uma vez nos deu a dádiva de poder conhecer a obra destes homens que não se esqueceram do Nordeste em seus corações e em suas obras, Alencar com a sua virgem dos lábios de mel, Castro Alves relembrando a sua terra que o tanto apaixonou quando infante, ou Luiz retratando as problemáticas e belezas não só de Pernambuco, mas do Nordeste como um todo, embora várias músicas cantadas por Luiz Gonzaga tenham sido compostas por Patativa do Assaré, coube a Luiz imprimir a estas os seus sentimentos, as conotações que eram necessárias, pois sua interpretação foi única.
Esse sertão cantado por Gonzaga é o sertão das secas com toda sua tristeza, mas também o sertão das meninas descobrindo o amor em toda a sua idealização, o sertão dos amores incompreendidos que possuem por mensageiros as aves a exemplo do sabiá, assim como Gonçalves Dias Luiz se apega a essa ave em seu momento de dor e saudade, e acima de tudo o sertão do viajante saudoso que relembra com uma dor no peito as belezas de sua terra, pois o próprio Luiz Gonzaga foi um viajante saudoso de sua terra de seu Nordeste.
Dentro do Sul e Nordeste do Brasil no ápice do ódio contra tudo que representasse o Nordeste, pois esses se esqueceram casualmente que também foram os nordestinos que construíram o que hoje eles são, Luiz poderia muito bem negar suas raízes e ninguém poderia acusá-lo, mas o que diferencia de tantos outros é que a despeito de tudo ele manteve intocado o sentimento, o afeto que ele sempre pelo seu Exu, pelo seu Pernambuco, pelo seu Nordeste. Por: José Benardi



A mulher no regime patriarcal nordestino


O xote das meninas é uma canção no mínimo especial, pois aborda um tema ao menos inusitado; a descoberta da sexualidade pela menina que abandona os símbolos de sua infância, tais como a boneca e o sapato baixo para abraçar esse mundo inexplorado. A canção não omite que muitas vezes essa descoberta é abarcada em detrimento de valores essenciais, “Não come, nem estuda, Não dorme, não quer nada...”, o que revela a falta de maturidade da garota pra esse achado que se expõe a ela.
Simultaneamente a música aponta o poder coercitivo exercido pelos pais em relação as suas filhas dentro da estrutura patriarcal tão presente no Nordeste brasileiro principalmente em seu interior. A histeria deste quanto à situação, devido à possibilidade de “perda” da filha, de sua desvirtuação, ressaltando a existência de uma moral forte ativa e “masculina”. A necessidade de impor um contexto patológico à situação da filha aponta a ignorância que muitas meninas ainda são submetidas dentro desse outro Nordeste que nos é apresentado por Gonzaga em suas músicas. Por: José Benardi

O mártir Chico


Em seu xote ecológico Luiz Gonzaga lança um mais que apelo pela preservação da natureza, mas limitar nossa perspectiva somente a esse aspecto é fomentar uma mais que simplista visão do grito de revolta inserido no meio do triangulo e da sanfona.
A referência dêitica a o já notório Chico Mendes pode ser vista como mais do que apenas a simples manutenção da memória de um dos maiores guerreiros pela manutenção da vida (pois não há vida propriamente dita fora da natureza), mas sim sob certa perspectiva um resgate da memória de um homem que não lutou somente contra a existência do jugo “humano” em detrimento da natureza, mas também contra a existência do jugo dos latifundiários em detrimento tanto da natureza quanto dos pobres e necessitados, pois no Nordeste esse jugo há muito prospera a custa da vida de tantos reivindicadores que permanecem anônimos em sua morte e luta, tantos outros Chicos do Norte ou do Nordeste que nem chegamos a conhecer.
Reside aí uma maestria, apontar uma das maiores injustiças por meio de outra mais noticiada, é esse o papel do artista expor por meio de sua obra o que ele crê, o que ele deseja que os outros vejam, é isso que Gonzaga faz por meio de sua música, por meio de seu xote. Por: José Benardi.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Luiz Gonzaga no Vestibular



O resgato de Luiz Gonzaga como cantor e objeto de estudo se desenvolvem em paralelo com a chegada do ENEM e certo desleixo com a cultura enquanto regionalidade obvia consequência de um processo de homogeneização e generalização que o ENEM enquanto avaliação propõe.
A Cultura Nordestina vem sendo gradativamente degradada e suprimida do patrimônio brasileiro, pois a maciça maioria dos jovens desconhece a sua própria história e o valor desta em sua existência.
Nesse momento, em meio a uma desvalorização do regionalismo se forma um movimento no mínimo inaudito que se impõe como um resgate da figura de Luiz Gonzaga como objeto de estudo dentro do próprio ENEM.
A discografia de Gonzaga vem sendo constantemente usada como base para a formulação de questões em que a interpretação e o senso crítico para analisar músicas em que antes apenas o ritmo era valorizado pela maioria é essencial, pois por meio delas o artista canta uma perspectiva do Nordeste fora da visão mais que parcial dos seus degradadores. Por: Gabriel Santos.